quinta-feira, 23 de maio de 2013

Ésquilo- Oresteia.As Euménides


Jamais te trairei! Serei até ao fim teu guardião fiel, quer esteja a teu lado, quer nos separem distâncias intermináveis, e em tempo algum protegerei teus inimigos.

E não te deixes dominar pelo cansaço enquanto pastoreias tuas desventuras.

Incita o coração com justas reprimendas, pois elas estimulam as pessoas sábias!

O leito nupcial onde o destino une o homem e a mulher, recebe a proteção de um direito divino, cuja força enorme excede a que garante os santos juramentos.

Insultar quem não nos deu qualquer motivo para ser denegrido ou mesmo censurado, além de ser injusto é contra a equidade.

Digo que os juramentos não têm o poder de transformar uma injustiça em ato justo.

Às vezes o temor é bom e deve,
como se fosse um guardião da mente,
manter-se vigilante em seu lugar.
É útil aprender sabedoria
tendo por mestre o próprio sofrimento.
Quem não refreia o coração com o medo
- tanto as cidades como os habitantes –
 não é capaz de curvar-se à justiça.
Não deveis submeter-vos nesta vida
nem à anarquia nem ao despotismo.
Sempre a prudência é vitoriosa
pois deram-lhe os deuses o privilégio
de limitar até os seus poderes.



A insolência é filha predileta
da falta de respeito às divindades;
ao contrário, a felicidade nasce
da sã razão, e todos os mortais
clamam por ela em suas orações.



A lei suprema impõe que se venere
 o altar santificado da justiça
 em vez de com pás ímpios ultrajá-lo
 cedendo à sedução de uma vantagem;
 o castigo virá e ao desenlace
 nenhuma criatura escapará.


Então, elevem-se acima de tudo
o respeito sempre devido aos pais
 e a hospitalidade a quem a pede.


Quem por si mesmo e sem constrangimento
 sabe ser justo, será venturoso
 e nunca estará totalmente morto.
 Mas o contestador audacioso
 curvado ao peso de muitas riquezas
 amontoadas de qualquer maneira
 e contra os mandamentos da justiça,
 será forçado no devido tempo
 - isso eu garanto! - a recolher as velas
 quando a tormenta de castigos duros
 cair com violência sobre a nau
 partindo o mastro que lhe foge às mãos;
 ele faz preces que ninguém escuta
 e luta inutilmente pela vida
sob o açoite das vagas revoltas.
Os céus riem ao ver o insolente
que não pôde prever a hora trágica
 e agora desespera ao enfrentar
tamanha desventura sem remédio,
 incapaz de vencer os vagalhões.
 No choque violento e irresistível
contra os escolhos da justiça atenta
 o infeliz vê naufragar, perdido,
 sua prosperidade anterior
 e sem uma lamentação sequer
 perece para ser logo esquecido.



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