Livros Geniais para Mentes Fantásticas
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
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Link para baixar os textos do livro "Palavras que se cravam na carne" de António Peneda
Palavras Que Se Cravam Na Carne de António Peneda
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segunda-feira, 20 de outubro de 2014
terça-feira, 25 de março de 2014
segunda-feira, 1 de julho de 2013
Séneca- Medeia
E tu,
estrela, que anuncias dois momentos do dia e que regressas sempre tarde para os
que se amam: por ti anseiam as mães, ardentemente por ti anseiam as noivas que
difundas quanto antes os teus raios de luz.
Ama
Cala-te,
peço-te, e enterra os queixumes bem fundo na tua dor. Todo aquele que suportou
feridas profundas em silêncio e com um espírito paciente e resignado está apto
a restituí-las: o que é malfazejo é a ira dissimulada; o ódio que se declara
não encontra ocasião para a vingança.
Medeia
Ligeira é a
dor que consegue agir racionalmente e esconder-se em si. Os grandes males não
ficam na sombra. Quero atacar!
Ama
Contém esse
ímpeto desenfreado, filha. Mesmo a quietude do silêncio dificilmente te
protege.
Medeia
A fortuna
tem medo dos fortes; aos cobardes, oprime-os.
Ama
A coragem só
merece louvor, quando se lhe oferece ocasião.
Medeia
Nunca pode
faltar ocasião para a coragem.
Ama
Não há
esperança alguma então que aponte uma saída para a tua aflição.
Medeia
Quem já
perdeu a esperança não tem por que desesperar.
Ama
Está longe a
o teu país, a fidelidade do teu marido é nenhuma, e nada te resta de tão
grandes riquezas.
Medeia
Resta
Medeia; nela vês mar e terra e ferro e fogo e deuses e relâmpagos!
Uma realeza
injusta nunca dura muito tempo.
Quem decide
o que quer que seja sem ouvir a outra parte, mesmo que decida com justiça, não
é justo.
Quão difícil é desviar da
cólera um espírito já por ela inflamado e quão próprio de todo o rei que
empunha um ceptro com mãos arrogantes é continuar a caminhar pela via que
encetou.
Para quem é
pérfido nenhum tempo é curto para prejudicar.
Os nossos
pais viveram em tempos magníficos dos quais o embuste estava bem arredado. Cada
um ficava tranquilamente nos seus litorais e chegava à velhice nos campos
ancestrais, rico com pouco; não conhecia senão as riquezas que o solo pátrio
produzia.
Se procuras
saber que limite hás-de impor ao teu ódio, ó desditosa, copia o teu amor.
Um amor
verdadeiro não há-de temer ninguém.
Só terei
descanso quando vir o universo desabar em ruínas juntamente comigo: que tudo desapareça
comigo. É agradável arrastar outrem, quando se perece.
Jasão
Não é grata
a vida daquele que se envergonha de a ter aceitado.
Medeia
Não a deve
conservar quem se envergonha de a ter aceitado.
Jasão
Apavoram-me
os altivos ceptros.
Medeia
Zela por não
os ambicionares.
A serenidade
modera o infortúnio.
Ataca onde
não há a possibilidade de alguém ter medo seja do que for.
Nem a
violência da chama nem a do vento intumescido nem a do dardo lançado
ameaçadoramente é tão grande como quando uma esposa desapossada dos fachos
nupciais se inflama e manifesta ódio…
É cego o
fogo atiçado pela ira: não procura controlar-se, não suporta freios e não
receia a morte; anseia por enfrentar as próprias espadas.
Caminho já
trilhado não se paga caro.
Coro
Por que
embuste foram apanhados?
Mensageiro
Por aquele
que costuma vencer os reis: as dádivas.
Coro
E que
traição nelas podia existir? (…)
Entrega-te à
ira, desperta desse torpor e, selvática, das profundezas do teu coração exaure
por completo os antigos impulsos. Todo o mal que cometeste até hoje chame-se
piedade. Vamos!
A ira
rechaça a piedade, e a piedade, a ira: cede ao afecto, angústia.
Terêncio- O Eunuco
Fédria:
Que devo
fazer, então? Nao ir a casa dela, nem mesmo agora quando ela me mandou chamar,
por sua livre vontade? Ela me expulsou e agora me chama de volta: devo voltar?
Não, a menos que ela me implore.
Mas, se eu
começar e não persistir com empenho… se vier a casa dela, mesmo sem ter feito
as pazes, mostrando-lhe que a amo e que não lhe posso resistir, a coisa está
feita, está tudo acabado, fico perdido. Ela zombara de mim quando perceber que
fui vencido.
Assim, eu
reflita mais e mais enquanto é tempo.
Parmenão:
Patrão, uma
coisa que não tem em si nem prudência nem moderação, você não pode governá-la
pela prudência. No amor estão presentes todos estes vícios: injúrias, suspeitas,
inimizades, tréguas, guerra e paz novamente. Se você pretende tornar certas
pela razão essas coisas incertas não faça mais nada a não ser que você se
esforce para enlouquecer com a razão. E é isto que agora seguramente você está
pensando, irado consigo mesmo: “Eu a... ela que o... que me... que não! Sem
dúvida, porém, prefiro morrer! Ela perceberá que homem sou eu!”
Por
Hércules, uma única lagriminha falsa, que ela terá extraído com muito custo
esfregando os olhos com força, destruirá estas palavras e, além disso, ela te
acusará, e mais, você vai se oferecer ao suplício!
Fédria:
Oh! Crime
indigno! Agora percebo que ela é uma criminosa e eu um infeliz. Isto me
aborrece, mas, ao mesmo tempo, ardo de amor, estou morrendo consciente, vivo e
vendo, e não sei o que fazer.
Parmenão:
O que fazer?
Nada a não ser resgatar-se da escravidão pelo menor preço que puder. Se você
não puder por pouquinho, pelo quanto puder. E não se aflija.
Fédria:
É assim que
você me aconselha?
Parmenão:
Se você for
sensato, não acrescente desgostos além dos que o próprio amor já tem, e mesmo
aqueles que já tem, suporte-os bem. Mas ei-la em pessoa saindo, a ruína de
nossos fundos. Pois o que nos cabe conservar, ela nos subtrai.
As coisas
verdadeiras que ouvi, calo e guardo em segredo muito bem. Se são falsas, infundadas
ou inventadas, de imediato elas se tornam evidentes: sou cheio de fendas, deixo
escapar aqui e ali. Portanto, se você quer que me cale, deve dizer a verdade.
Há uma
espécie de homens que querem ser os melhores em tudo e não são. Procuro esses.
Não me ofereço a eles como alvo de chacotas, mas, ao contrário, rio com eles e
ao mesmo tempo admiro a inteligência deles. Louvo o que quer que digam; se, ao
invés, negam isso, louvo também. O que negam nego, o que afirmam, afirmo. Enfim
eu impus a mim mesmo concordar com tudo. Esta profissão agora é muitíssimo
vantajosa.
Parmenão:
Estamos
cometendo um crime.
Quérea:
Acaso é um
crime se eu for levado para a casa de uma cortesã e àquelas cruzes, que tomam
posse de nós e de nossa juventude da qual não fazem caso e que sempre nos
torturam de todas as maneiras, e agora mostre minha gratidão e as engane do
mesmo modo que somos enganados por elas? …
Parmenão:
Se está
decidido a fazer, faça. Mas depois não coloque a culpa em mim.
Muitas
vezes, quem tem sal toma para si por suas palavras a glória obtida com grande
esforço pelos outros. Isso você tem.
Parmenão:
O que você
diz, Gnatão? Acaso você tem alguma coisa para desdenhar? E você, Trasão? Calaram-se:
muito o elogiam.
Eu um
covarde? Nenhum homem que viva é menos.
É burrice
aceitar o que você pode evitar.
Conheço o génio
das mulheres: quando você quer, elas não querem, quando você não quer, é aí que
elas se interessam.
(…) eu ter
descoberto como um rapazinho pode a bom tempo tomar conhecimento do caráter e
dos costumes das meretrizes, para que, ao ser informado, tome ódio pelo resto
da vida.
Elas que
enquanto estão fora de casa, nada parece mais asseado, mais afeiçoado a quem
quer que seja, nem mais elegante, que quando ceiam com seu amante beliscam a
comida.
Ver a
imundície, a falta de classe e a pobreza delas, o quanto são desprezíveis e
esfomeadas quando estão sós em casa, como devoram pão preto à sopa amanhecida,
saber tudo isso é a salvação do rapazinho.
Plauto. Aululari ( A Comédia da Panela)
Irmã, se tu
queres que eu me case, estou disposto também a fazê-lo, com esta condição: ela
chega amanhã e no dia seguinte levam-na para fora de casa. Se é com estas
condições que tu achas bem, então podes vir e preparar o casamento.
Quem depois
de certa idade um homem casa com mulher de meia-idade, e já velho emprenha a
velha, só pode ter um nome para a criança. Sabes qual é? Póstumo.
Não me
importo nada com os grandes luxos, as honras, os dotes faustosos, as
aclamações, o poder, os carros de grande pompa, o vestuário, a púrpura, que
levam os outros homens à servidão
por aquilo que custam.
(…)Isto
parece promessa, mas é pedido. Está ardendo por me devorar o dinheiro. Dum lado
trás a pedra e do outro lado me mostra pão. Não creio em nenhum rico que venha
com tanta generosidade e tanta delicadeza para um pobre. Quando estende a mão
com bondade é porque nela traz alguma rede. Eu bem conheço estes polvos que
prendem tudo aquilo que tocam.
Não há
ninguém que a pobreza tenha feito mais avarento do que a ele.
(…) tu és um
homem rico e poderoso e eu sou um homem pobre, paupérrimo. Se eu casasse
contigo minha filha, estou eu cá a pensar que tu ficarias como boi e eu como
burro; andaríamos jungidos um ao outro e como eu não poderia suportar a mesma
carga, lá ficaria eu deitado como um burro no meio da lama. Tu, como boi,
tratar-me-ias com desprezo, como se eu não fosse gente. Irias ser duro comigo e
não me havia de faltar a troça dos da minha igualha. Depois, se houver qualquer
diferença entre nós, não terei estábulo estável a que me acolher. Os burros
vão-me despedaçar à dentada e os bois vão-me atacar à cornada. É muito perigoso
para eu passar da classe dos burros para a dos bois.
Homens são
assim! Se um rico pede alguma coisa a um pobre, o pobre tem medo de se
comprometer e, por medo, procede mal. E só depois de perder a oportunidade é
que ele se arrepende.
É uma
estupidez e não tem graça nenhuma proceder bem quando é inútil o que se faz.
Contei a
muitos amigos esta minha resolução de casamento; todos louvam a filha de
Euclião e dizem que foi uma resolução avisada e de boa cabeça. Ora, se os
outros ricos fizessem o mesmo com as filhas dos pobres e, mesmo sem dote, se
casassem com elas, não só a cidade viveria em maior paz, como haveria à nossa
volta muito menos inveja do que há. Elas ter-nos-iam mais respeito do que nos
têm e nós faríamos menos despesas do que as que fazemos. Seria ótimo para a
maior parte do povo e só prejudicaria alguns que são ávidos e insaciáveis e que
nem leis, nem magistrados seriam capazes de reter. Naturalmente, dirá alguém,
com quem se casariam então as que são ricas e têm dote, se se estabelece tal
direito para os pobres? Que se casem com quem quiserem, contanto que o dote não
vá com elas. Se isto fosse assim elas levariam, em lugar do dote de agora,
melhores costumes.
Aquela que
não tem dote está sob o domínio do marido. As que têm dote dão cabo dos maridos
com danos e perdas.
Sou eu o
mais desgraçado de todos quantos vivem na terra! Para que preciso eu agora de
vida, em que perdi um tesouro que guardei com tanto cuidado. Roubei-me a mim
próprio, roubei a minha alma, roubei o meu espírito! Agora outros gozam com
ele, para meu mal e prejuízo! Não posso suportá-lo!
Todo o homem
que confessa a sua culpa tem sempre o valor suficiente para se envergonhar e se
desculpar.
A todos a natureza jurou livres e
todos por natureza pensam na liberdade. O pior de todos os males, a pior de
todas as desgraças é a servidão.
O nosso tempo produziu donos
demasiado avarentos… pobres no meio das maiores riquezas e sedentos no seio do
vasto oceano. Não lhes chegam bens nenhuns…
…a nossa época não é muito de boa fé.
Escrevem-se documentos, vêm dez testemunhas, o notário aponta a data e o lugar.
No entanto há sempre um advogado pronto a negar o que se fez.
Sempre pensei que não ter dinheiro
era péssimo para todos, moços, homens e velhos. A indigência obriga os moços a
prostituir-se, os homens a roubar, e os velhos a pedir esmola. Mas é muito pior
o que vejo agora: ter muito mais dinheiro do que aquilo que é necessário.
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