Em primeiro lugar, mesmo a inteligência mais rudimentar não teria
qualquer dificuldade em compreender que estar informado sempre será preferível
a desconhecer, mormente em matérias tão delicadas como são estas do bem e do
mal, nas quais qualquer um se arrisca, sem dar por isso, a uma condenação
eterna num inferno que então estaria por inventar. Em segundo lugar, brada
aos céus a imprevidência do Senhor, que se realmente não queria que lhe
colhessem do tal fruto, remédio fácil teria, bastava não ter plantado a árvore,
ou ir pô-la noutro sitio, ou rodeá-la por uma cerca de arame farpado.E em
terceiro lugar, não foi por desobedecer à ordem de Deus que Adão e Eva
descobriram que andavam nus. Nuzinhos em pelota estreme, já eles andavam quando
iam para a cama, e se o Senhor nunca havia reparado em tão evidente falta de pudor,
a culpa era da sua cegueira de progenitor, a tal, pelos vistos incurável, que
nos impede de ver que os nossos filhos, no fim de contas, são tão bons, ou tão
maus como os demais.
Bem triste há-de ser a gente sem outra finalidade na vida que a de fazer filhos sem saber porquê nem para quê. Para continuar a espécie, dizem aqueles que crêem num objectivo final, numa razão última, embora não tenham nenhuma ideia sobre quais sejam e que nunca se perguntaram em nome de quê terá a espécie de continuar como se fosse ela a única e derradeira esperança do universo.
Pode ser que a minha verdade seja para ti mentira. Pode ser, sim, a dúvida é o privilégio de quem viveu muito.
Nunca não é o contrário de tarde, o contrário de tarde é demasiado tarde.
O caminho do engano nasce estreito, mas sempre encontrará quem esteja disposto a alargá-lo.
Se o senhor não se fia nas pessoas que crêem nele, então não vejo porque tenham essas pessoas de fiar-se no Senhor.
O erro é crer que a culpa terá de ser entendida da mesma maneira por Deus e pelos Homens.
É curioso que as pessoas falem tão ligeiramente do futuro, como se o tivessem na mão, como se estivesse em seu poder afastá-lo ou aproximá-lo de acordo com as conveniências e as necessidades de cada momento.
Vê-se que não conheces as mulheres, são capazes de tudo, do melhor e do pior se lhes dá para isso, são muito senhoras de desprezar uma coroa em troca de irem lavar ao rio a túnica do amante ou atropelarem tudo e todos para chegarem a sentar-se num trono.
A carne é supinamente fraca, e não tanto por culpa, pois o espírito, cujo dever, em princípio, seria levantar uma barreira contra todas as tentações, é sempre o primeiro a ceder, a içar a bandeira branca da rendição.
A ele iria continuar unida pela sublime memória do corpo, pela recordação inapagável das fulgurantes horas que havia passado com ele, isto uma mulher nunca esquece, não como os homens, a quem tudo lhe escorre pela pele.
A história dos homens é a história dos seus desentendimentos com Deus, nem ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a ele.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarBons interesses literários como sempre! Tens de visitar a fundação Saramago no campo das cebolas em Lisboa.
EliminarConvite aceite!
EliminarPalavras sábias de um escritor excecional.
ResponderEliminarCaim... Livro que inspirou-me ao começar escrever o meu poema "Adão e Eva" da forma como escrevi, e pretendo continuar escrevendo. Grande livro, ainda que eu tenha lido apenas o princípio...
ResponderEliminarParabéns pelo blog, Meu Bom!
Estarei sempre de tocaia por aqui... Mesmo que não percebas a minha presença: como um deus bom e justo hehehehe
Um abraço! E não deixe nunca de nos agraciar com a tua palavra ;D
Abençoado sejais!
ResponderEliminarSlipknot, forever! :)
Til we die!
ResponderEliminarAmém!