quarta-feira, 17 de abril de 2013

Eurípedes- Electra


Para os mortais é uma felicidade encontrar quem os conforte no infortúnio.

(…) ele tem com que se nutrir: mas um desterrado é sempre um indigente.

A compaixão é natural, não nas naturezas rudes, mas no coração dos sábios; mas a prudência em excesso pode ser prejudicial a quem a possui.

Ah! Não há sinal seguro quanto à virtude de um homem. A natureza dos mortais nos induz à confusão... Já vi o filho de um homem ilustre tornar-se um nulo, e filhos de criaturas perversas revelarem nobres qualidades. Tenho visto a miséria na alma de um ricaço, e um belo espírito no corpo de um pobretão. Como havemos de discernir as coisas? Pela riqueza? Seria um péssimo guia... Pelo que nada tem? Mas a pobreza não raro instiga ao mal aquele a quem tudo falta. Devemos nos regular pelas armas? Mas quem pode assegurar, vendo uma lança, que o indivíduo que a leva é valente? O melhor é deixar correr o mundo...

Os corpos sem espírito valem menos que as estátuas da ágora. Um braço robusto não sustém melhor a lança do que um mais fraco; é a índole, e o valor moral que tudo fazem.

Saiba todo aquele que corromper a esposa de outrem por uma união adúltera, e que com ela se consorcia, que é infeliz se supuser que ela lhe concederá a fidelidade que já não concedera ao outro. Tu vivias miseravelmente, na ilusão de que eras feliz...

(…) mas riquezas nada valem, porque são incertas e transitórias... Só a moral prevalece, e não a pecúnia. A moral granjeia duradouro renome, e triunfa do infortúnio; a opulência injusta torna-se presa dos perversos, e desaparece dos lares onde terá permanecido por pouco tempo...

Os descendentes de homens fortes nascem predestinados à carreira das armas; mas os filhos dos outros nunca passarão de dançarinos...

E que ninguém se ufane por ter vencido a primeira corrida; que ninguém se considere vencedor enquanto não houver atingido o termo da humana vida!

(…) Eu te falarei, embora saiba que uma mulher, quando perseguida por uma ruim fama, tem sempre a incredulidade contra suas palavras.

(…) porquanto os maus, muitas vezes, proporcionam aos bons a oportunidade para a prática de ações exemplares.

É um louco aquele que, seduzido pelas riquezas, ou pelo nascimento ilustre de alguém, se casa com uma mulher perversa. Um casamento humilde e puro leva vantagem, na família, por sua grandeza.

Há sempre uma compensação nos grandes males!

Só é ditoso aquele que tem a consciência tranquila, e não é ferido pelos golpes da desgraça!

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