quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Gabriel Garcia Márquez- Memórias Das Minhas Putas Tristes




O sexo é o consolo de uma pessoa quando lhe falta o amor.


A moral também é uma questão de tempo.


Como os factos reais se esquecem, também alguns que nunca existiram podem estar nas recordações como se tivessem existido.


Sempre tinha julgado que morrer de amor não passava de uma liberdade poética. Naquela tarde, de regresso a casa outra vez sem o gato e sem ela, verifiquei que não só era possível morrer, mas que eu próprio, velho e sem ninguém, estava a morrer de amor. Mas também me apercebi de que era válida a verdade contrária: não teria trocado por nada do mundo as delícias do meu pesar.


O sangue circulava pelas suas veias com a fluidez de uma canção que se ramificava até aos pontos recônditos do seu corpo e voltava ao coração purificado pelo amor.


Parece-me contranatura que um homem se entenda melhor com o seu cão do que com a sua mulher, que o ensine a comer e a descomer às suas horas, a responder a perguntas e a partilhar as suas mágoas


Tomei consciência de que a força invencível que impulsionou o mundo não são os amores felizes, mas os contrariados.


A fama é uma senhora muito gorda que não dorme connosco, mas quando acordamos está sempre a olhar para nós em frente da cama.


A idade não é a que temos mas a que sentimos.


Os ciúmes sabem mais do que a verdade.


Não há pior desgraça do que morrer só.


É impossível não acabar sendo como os outros julgam que somos- Júlio Cezar.

1 comentário:

  1. "A idade não é a que temos mas a que sentimos." O sufoco de uma mente jovem num corpo de velho.

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