quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Jorge Amado- Capitães da Areia



Vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontas de cigarro, eram, em verdade, os donos da cidade, os que conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas.


Sua vida era uma vida desgraçada de menino abandonado e por isso tinha que ser uma vida de pecado, de furtos quase diários, de mentiras nas portas das casas ricas. Por isso na beleza do dia Pirulito mira o céu com os olhos crescidos de medo e pede perdão a Deus tão bom (mas não tão justo também...) pelos seus pecados e os dos Capitães da Areia. Mesmo porque eles não tinham culpa. A culpa era da vida.


A boa intenção não desculpa os maus actos.


A liberdade é como o sol. É o bem maior do mundo.


A greve é a festa dos pobres.


Um dia a gente muda o destino dos pobres…



2 comentários:

  1. "A boa intenção não desculpa os maus actos." Os fracos julgam e excluem, os fortes incluem e compreendem.

    ResponderEliminar
  2. CAPITÃES
    Tudo isto é culpa da vida,
    Este a anos ainda tão curtos
    Já terem tantas feridas
    Nas costas quanto têm furtos

    Nos bolsos sempre tão imundos:
    Bolsos quando eles os têm.
    O sol é o maior bem do mundo:
    No mundo não têm a quem,

    Não têm quaisquer mais pudores
    A viver suas vidas vadias
    De os seus primeiros amores
    Descobrir ora às vadias

    Ora a rolar às areias
    Puxando a roupa das pretas
    Que passam tais quais sereias
    Sorrindo as pontas das tetas;

    E deles nunca há quem cuide
    Feito a sua mãe-irmã cuidou:
    Traída pela própria saúde
    Uma estrela se tornou...

    19 de novembro de 2012 – 22h 51min
    João Pessoa - Paraíba - Brasil

    -------------------------------------------------

    De viver a insubmissa
    Vontade: eterna num talho
    Triste ainda sorri a justiça,
    Chefe e vestida em frangalhos.

    Não lhe importou por qual custo
    Ao quase desafiar morte
    Um talho haver por ser justo:
    Chefe e não por ser mais forte.

    Que o sol é como a liberdade,
    A vida sendo tão dura,
    Os capitães da cidade
    Têm no frio da noite escura:


    Nas areias brancas do cais,
    À porta a escuridão,
    Todos dormem em paz
    Se o seu punhal dorme à mão...


    Mais que muitos tem mais quilos
    E dorme tal que em deleite,
    O grande muito tranqüilo
    Do riso alvo como leite...


    20 de dezembro de 2012 – 11h 25min
    João Pessoa - Paraíba - Brasil



    Adolfo J. de Lima


    (Ainda inacabado: se o mei livro não estivesse emprestado...)

    ResponderEliminar