Rir dos
inimigos não é o mais agradável dos prazeres?
Nós, os
viventes, não somos mais do que fantasmas ou fugidias sombras.
(…) a inveja
persegue os opulentos. E ainda que os pequenos separados dos grandes, dão
frágil apoio ao baluarte, todavia o pequeno seria apoio óptimo e manteria de pé
o grande.
(…)Se ele
sossega, julgo isto uma grande felicidade, porque do mal que desaparece já se
faz menos caso.
Ó mulher, o
ornato das mulheres é o silêncio.
(… ) desatou
em terríveis gemidos; ele que costumava dizer-me que tais gemidos eram próprios
de um homem covarde e de fraco ânimo; que, pelo contrário, o que não era tal
gemia surdamente, sem gritos à semelhança do mugir do toiro.
Por certo,
não deixa de ser uma vergonha que um homem deseje vida larga, se não faz mais
do que passar de uma desgraça a outra. Com efeito, que pode aproveitar viver,
dia após dia, adiando o desenlace final? Eu não daria o mínimo preço pelo homem
que só se entusiasma com vãs esperanças. Não; o que importa ao homem de nobre
nascimento é viver bem ou morrer bem. Nada mais tenho a dizer.
O homem que
recebeu algum benefício tem obrigação de não o esquecer. Um favor produz sempre
outro favor; e nunca diria que é nobre aquele homem que se esquece do benefício
recebido.
(…) não há
maior felicidade para ti, antes de experimentar a alegria e a dor, do que viver
na ignorância.
Não é
próprio de um bom médico choramingar esconjuros sobre um mal que exige
escalpelo.
O tempo, em
seu longo e incomensurável curso, revela todas as coisas ocultas e esconde as
que são visíveis. Não há nada que não possa suceder; até se quebra o juramento
mais solene e cedem os espíritos mais tenazes.
Até a
habilidade e a omnipotência cedem perante os que estão no poder. Igualmente os
Invernos nivosos dão lugar aos Estios frutíferos; o tenebroso céu nocturno
recua perante o dia de brancos corcéis, para que brilhe em todo o seu
esplendor; o sopro das tempestades violentas deixa, por fim, adormecer o mar de
gemidos retumbantes; e o sono omnipotente solta os que antes tinha presos e não
os mantém sempre no mesmo estado.
E nós porque
não aprenderemos a ser sensatos?
Quanto a
mim, reconheço agora que o meu inimigo deve ser odiado como se mais tarde
devesse ser meu amigo. E quanto ao amigo, quero, no futuro, ser-lhe útil e prestar-lhe
os meus serviços como se não houvesse de permanecer sempre meu amigo, porque,
entre a maioria dos homens, o porto da amizade não merece confiança.
(…) aqueles
que, tendo natureza de homem, concebem pensamentos impróprios de homem…
Aqueles que
são falhos de senso só apreciam o bem que tinham entre mãos quando são privados
dele.
É, na
verdade, próprio de um mau cidadão não querer, como homem particular,
sujeitar-se às autoridades. Jamais, com efeito, as leis serão bem observadas
naquele Estado em que não reina o medo, nem tão pouco um exército se
conservaria em sábia disciplina sem o entrave do medo e do respeito. Um homem
deve crer que, apesar de ser grande de corpo, um pequeno mal pode fazê-lo cair.
Aquele, em cujo peito o medo e a vergonha dominam juntamente, fica sabendo que
vai por bom caminho; O Estado, porém, onde a insolências reina e cada um faz o
que quer, crê que, depois de navegar com o vento próspero, se afundará
finalmente.
Deixe-me eu,
portanto, dominar pelo medo, segundo as circunstâncias; e não julguemos que,
fazendo o que nos agrada, não teremos, depois, de sofrer aquilo que nos causa
aflição. Tais coisas sobrevêm alternadamente. Este, primeiro, era um petulante
fogoso; mas agora, por meu turno, o petulante sou eu.
As palavras ásperas,
por muito justas que sejam, ofendem sempre.
Com a
justiça por mim, é-me lícito ser altivo.
Não são os
homens corpulentos e de espáduas largas quem merece mais confiança; os
sensatos, esses é que triunfam por toda a parte. Um boi de grande costado
obedece a um pequeno flagelo e caminha direito pela estrada.
Se me
maltratares, virá tempo em que desejarás ter sido antes covarde do que ousado
para comigo.
Eu perdoo ao
homem que, recebendo ultrajes, paga com ultrajes.
Pode o amigo
que te é franco contar com a tua amizade não menos do que antes?
Não exultes
com vantagens que não dão glória alguma…
Na verdade,
muitos são hoje amigos que amanhã serão inimigos.
Eu não tenho
o costume de louvar um ânimo inflexível.
É sempre a
mesma coisa: todo o homem trabalha em seu próprio interesse.
Muitas
coisas, sem dúvida, podem conhecer os homens, por tê-las visto; mas ninguém
adivinha o que no futuro sucederá, sem o ver primeiro.
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