sexta-feira, 3 de maio de 2013

Sófocles- Ajax


Rir dos inimigos não é o mais agradável dos prazeres?

Nós, os viventes, não somos mais do que fantasmas ou fugidias sombras.

(…) a inveja persegue os opulentos. E ainda que os pequenos separados dos grandes, dão frágil apoio ao baluarte, todavia o pequeno seria apoio óptimo e manteria de pé o grande.

(…)Se ele sossega, julgo isto uma grande felicidade, porque do mal que desaparece já se faz menos caso.

Ó mulher, o ornato das mulheres é o silêncio.

(… ) desatou em terríveis gemidos; ele que costumava dizer-me que tais gemidos eram próprios de um homem covarde e de fraco ânimo; que, pelo contrário, o que não era tal gemia surdamente, sem gritos à semelhança do mugir do toiro.

Por certo, não deixa de ser uma vergonha que um homem deseje vida larga, se não faz mais do que passar de uma desgraça a outra. Com efeito, que pode aproveitar viver, dia após dia, adiando o desenlace final? Eu não daria o mínimo preço pelo homem que só se entusiasma com vãs esperanças. Não; o que importa ao homem de nobre nascimento é viver bem ou morrer bem. Nada mais tenho a dizer.

O homem que recebeu algum benefício tem obrigação de não o esquecer. Um favor produz sempre outro favor; e nunca diria que é nobre aquele homem que se esquece do benefício recebido.

(…) não há maior felicidade para ti, antes de experimentar a alegria e a dor, do que viver na ignorância.

Não é próprio de um bom médico choramingar esconjuros sobre um mal que exige escalpelo.

O tempo, em seu longo e incomensurável curso, revela todas as coisas ocultas e esconde as que são visíveis. Não há nada que não possa suceder; até se quebra o juramento mais solene e cedem os espíritos mais tenazes.

Até a habilidade e a omnipotência cedem perante os que estão no poder. Igualmente os Invernos nivosos dão lugar aos Estios frutíferos; o tenebroso céu nocturno recua perante o dia de brancos corcéis, para que brilhe em todo o seu esplendor; o sopro das tempestades violentas deixa, por fim, adormecer o mar de gemidos retumbantes; e o sono omnipotente solta os que antes tinha presos e não os mantém sempre no mesmo estado.
E nós porque não aprenderemos a ser sensatos?
Quanto a mim, reconheço agora que o meu inimigo deve ser odiado como se mais tarde devesse ser meu amigo. E quanto ao amigo, quero, no futuro, ser-lhe útil e prestar-lhe os meus serviços como se não houvesse de permanecer sempre meu amigo, porque, entre a maioria dos homens, o porto da amizade não merece confiança.


(…) aqueles que, tendo natureza de homem, concebem pensamentos impróprios de homem…

Aqueles que são falhos de senso só apreciam o bem que tinham entre mãos quando são privados dele.

É, na verdade, próprio de um mau cidadão não querer, como homem particular, sujeitar-se às autoridades. Jamais, com efeito, as leis serão bem observadas naquele Estado em que não reina o medo, nem tão pouco um exército se conservaria em sábia disciplina sem o entrave do medo e do respeito. Um homem deve crer que, apesar de ser grande de corpo, um pequeno mal pode fazê-lo cair. Aquele, em cujo peito o medo e a vergonha dominam juntamente, fica sabendo que vai por bom caminho; O Estado, porém, onde a insolências reina e cada um faz o que quer, crê que, depois de navegar com o vento próspero, se afundará finalmente.
Deixe-me eu, portanto, dominar pelo medo, segundo as circunstâncias; e não julguemos que, fazendo o que nos agrada, não teremos, depois, de sofrer aquilo que nos causa aflição. Tais coisas sobrevêm alternadamente. Este, primeiro, era um petulante fogoso; mas agora, por meu turno, o petulante sou eu.


As palavras ásperas, por muito justas que sejam, ofendem sempre.

Com a justiça por mim, é-me lícito ser altivo.

Não são os homens corpulentos e de espáduas largas quem merece mais confiança; os sensatos, esses é que triunfam por toda a parte. Um boi de grande costado obedece a um pequeno flagelo e caminha direito pela estrada.

Se me maltratares, virá tempo em que desejarás ter sido antes covarde do que ousado para comigo.

Eu perdoo ao homem que, recebendo ultrajes, paga com ultrajes.

Pode o amigo que te é franco contar com a tua amizade não menos do que antes?

Não exultes com vantagens que não dão glória alguma…

Na verdade, muitos são hoje amigos que amanhã serão inimigos.

Eu não tenho o costume de louvar um ânimo inflexível.

É sempre a mesma coisa: todo o homem trabalha em seu próprio interesse.

Muitas coisas, sem dúvida, podem conhecer os homens, por tê-las visto; mas ninguém adivinha o que no futuro sucederá, sem o ver primeiro.










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